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Atualizado em 24-09-2019
Abílio da Siva Mendes nasceu a 12 de março de 1886 em Mira de Aire. Homem forte, de elevada estrutura e energia, rapidamente mostrou o seu lado humano sempre atento ao próximo. Foi ordenado Presbítero em 15-6-1911 e, em 1912 foi para o Brasil, donde regressou em 1931.
Chegou ao Barreiro em janeiro de 1932 como Pároco da Igreja Matriz de Stª Cruz, onde ninguém o conhecia e iniciou a sua nova missão, tarefa nada fácil, atendendo à conjuntura social e política da época.
Conhecido pela sua serenidade, franqueza e simplicidade foi um bom exemplo de amigo e conselheiro, renunciando às suas próprias comodidades a favor dos mais necessitados.
Uma das características mais marcantes foi, sem dúvida, a sua grande cultura. Homem de vasto conhecimento teórico e humano, tinha uma experiência de vida muito alargada, que lhe permitia ser dotado em várias áreas como: carpintaria, serralharia, sapateiro, costura, escrita, encadernação, poesia e música.
Incentivou e promoveu a criação de numerosas associações religiosas, através das quais estabeleceu e alargou o contacto com a população. Fundou também várias Conferências de S. Vicente de Paulo, através das quais, juntamente com os seus Vicentinos, pode ajudar os mais carenciados e os doentes.
Em 1935 fundou o 1º grupo de Escuteiros, utilizando mesmo o jornal local - O Povo do Barreiro - para mais facilmente chegar aos jovens. Nele chegou a afirmar que "…o escutismo não é somente uma série de jogos e divertimentos. É, além disso, muito mais: é uma escola moral e cívica." O escutismo, como Baden Powell o preconiza, teve neste sacerdote do Barreiro um defensor acérrimo, dando ele próprio o exemplo dos trabalhos que esperava dos seus jovens. E isto porque ele sentia ser importante sinalizar-lhes, não só a atividade, mas também as atitudes (serenas e confiantes). Os primeiros fardamentos foram mesmo confeccionados por ele.
Ao longo dos 22 anos em que esteve ligado à paróquia, Padre Abílio sempre foi conhecido pela inteira dedicação aos seus paroquianos, tendo-se despojado dos seus bens a favor dos outros, nomeadamente para construir a casa paroquial e ajudar os pobres. "Quando um sacerdote assim procede, colhe fatalmente o justo direito ao respeito dos próprios adversários da sua missão e até à conversão de indiferentes…" Tal foi, precisamente, o que o Padre Abílio Mendes conseguiu despertar e obter em certas camadas da população do Barreiro, menos atreitas à aproximação da Igreja.
Colaborador assíduo do jornal local, pensa-se que até mesmo seu sócio fundador, o Padre Abílio Mendes escreveu inúmeros artigos dirigidos aos seus paroquianos. Para além disto, colaborou e compôs músicas e letras dedicadas a várias Instituições.
Em 1934, Padre Abílio Mendes criou a " Sopa e Albergue dos Pobres " numa pequena casa da então Rua da Praia, iniciando desta forma uma assistência mais permanente aos mais carenciados.
Em 23 de Fevereiro de 1953, após doença prolongada, Padre Abílio Mendes morreu no Hospital de S. Luís dos Franceses, como "o mais pobre dos seus paroquianos."
Em homenagem ao seu pároco, o povo do Barreiro inaugurou a 24 de Maio de 1959, na Praça de Stª Cruz, a sua estátua, monumento este feito por subscrição pública.